sábado, 19 de maio de 2007

Touca poderá melhorar a vida dos tetraplégicos


Um grupo de investigadores da Universidade do Minho (UM), em Braga, está a desenvolver uma touca com eléctrodos que pode melhorar a vida dos cidadãos tetraplégicos dentro de um ano. Tudo porque estes pacientes poderão desempenhar determinadas tarefas, de forma autónoma, que até agora seriam impensáveis, como usar o computador. Em 2008, esta touca será substituída por um boné sem fios, com possível extensão aos doentes de Parkinson.Por enquanto, este sistema de interpretação da actividade cerebral, ainda um protótipo, é constituído pela touca e pelo dispositivo de leitura de sinais, e permite aos tetraplégicos usar o computador. Mas em breve poderá ter outras utilizações, como o controlo da cadeira de rodas - com um dispositivo incorporado - ou do comando da televisão.Esta touca está a ser desenvolvida há dois anos e já foi testada nos próprios investigadores da área de Electrónica Médica, do departamento de Electrónica Industrial da UM, que contam com o apoio da Siemens Medical Solutions. O coordenador do projecto, Higino Correia, assegurou que este sistema de interpretação da actividade cerebral funciona com base no ElectroEncefaloGrama (EEG). Ou seja, lê a actividade do córtex que está relacionada com acção motora do corpo ou com o sistema visual. Esta touca com eléctrodos lê, descodifica e envia as ondas cerebrais do utilizador para um sistema computorizado para análise e consequente acção. Na prática, o paciente desempenha tarefas através da actividade cerebral. Controla, por exemplo, o rato - olha para o cursor no monitor e este move-se - ou usa processadores de texto. Neste caso, o paciente tetraplégico observa uma espécie de teclado que surge no monitor. Os eléctrodos captam o estímulo cerebral, induzindo o sistema a construir o texto letra a letra. Mas a equipa quer reduzir para tempo real os actuais 20 segundos que o cidadão portador de deficiência pode demorar a escrever uma letra, de modo a que o pensamento coincida com a própria escrita.Higino Correia prevê a comercialização do equipamento com os fios, ainda visíveis, dentro de um ano. Mas quer substituir a touca por um boné com comunicação sem fios para monitorizar a actividade cerebral do tetraplégico no espaço de dois ou três anos. O que permitirá movimentar, em tempo real, os membros superiores e inferiores através de estimuladores eléctricos.Também os doentes de Parkinson poderão beneficiar de igual aplicação para melhor movimentarem os membros. Em estudo está a criação de um boné do género, mas para detectar o estado de sonolência na actividade cerebral dos camionistas e taxistas. Os eléctrodos e microchips que constituem o boné accionam um dispositivo de alerta - por exemplo, a buzina -, para acordar o condutor.

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